Não basta recrutar os melhores. É preciso manter os professores sempre atualizados. A preocupação com a prática docente é comum aos sistemas de ponta, tanto na formação inicial como na continuada. Tutoria, trabalhos em grupo, cursos sobre as didáticas específicas... Existem várias maneiras de criar e disseminar as melhores estratégias de ensino. Em apenas três anos, o Reino Unido conseguiu um aumento de 12% nos índices de alfabetização ao apostar na formação em serviço. Já o Japão coloca professores para apoiar os iniciantes durante dois dias por semana, tudo amparado em lições-modelo.
O desafio brasileiro começa em superar as deficiências da formação inicial. Segundo o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) de 2007, que avalia os cursos de ensino superior, 15% das faculdades de Pedagogia tiraram conceito 1 ou 2. Apenas 2% conseguiram a nota máxima, 5.
Não é só o aluno que precisa de um bom professor para aprender.
O educador também necessita de bons formadores para fazer a diferença na sala de aula. O impacto na aprendizagem de iniciativas de capacitação em serviço costuma ser direto - e rápido. No Japão, um dos países mais avançados nessa área, a formação em serviço não acaba nunca: políticas públicas garantem que os professores ganhem conhecimentos até a aposentadoria.
O modelo japonês mescla atividades tradicionais, como cursos específicos - cada docente assiste a pelo menos um por ano -, com iniciativas inovadoras. Profissionais novatos são acompanhados por monitores dois dias por semana. Outra política é o estímulo às atividades em equipe. É comum os docentes elaborarem, planejarem e refletirem sobre seu planejamento e material didático em conjunto, assim como visitarem a sala de aula dos colegas para observarem seu trabalho.
Atualmente, diversos municípios brasileiros investem na formação em serviço para melhorar a instrução dos professores (em alguns casos, até para "substituir" a formação inicial). O problema é como isso tem sido feito. "O currículo e o cronograma precisam ser discutidos com os participantes.
É necessário casar a teoria do curso com a prática em sala de aula para que a formação seja realmente útil", diz Raquel Linhares, coordenadora da área de Educação do Senac em São Paulo.
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