quinta-feira, 2 de maio de 2013

Breve reflexão sobre as bombas de Boston



Partindo do princípio de que tudo o que foi dito sobre os suspeitos dos ataques à bomba na Maratona de Boston corresponda a mais inequívoca, inquebrantável e inabalável realidade, como num reality show campeão de audiência, estamos presenciando a mais um episódio do eterno embate entre o bem e o mal.

Em cena, todos os ingredientes necessários para fazer a festa dos veículos de comunicação, aguçando a curiosidade e alimentando a ira de espectadores que necessitam de um inimigo real, de carne e osso.


Enquanto se especula se os irmãos chechenos Tamerlan e Dzhokhar Tsarnaev possuíam alguma ligação com grupos extremistas islâmicos ou se planejavam novos ataques, o curso das investigações traça o perfil e refaz a trajetória dos dois rapazes, seja nos Estados Unidos ou no exterior.

Para quem está de longe, mais do que o mal estar provocado pelo desconhecimento de suas verdadeiras intenções e motivações, fica claro que o incômodo maior reside na incompreensão de como dois jovens estrangeiros, considerados aceitos e plenamente integrados a uma sociedade que lhes acolheu, puderam cometer um ato de tal magnitude, afetando não só pessoas inocentes, mas, acima de tudo, um estilo de vida tido como ideal.

Como as coisas são velozes neste mundo globalizado. Noutro dia mesmo, a grande ameaça à paz vinha do outro lado do mundo, da Ásia, mais precisamente da Coreia do Norte, que, através da figura de um líder tido como louco, representava um perigo iminente aos valores que regem a sociedade estadunidense.

De repente, como que por encanto, o foco mudou de direção.


Não sei se você notou, mas a palavra "terrorismo" quase que não tem sido utilizada para designar os recentes acontecimentos ocorridos na capital do estado de Massachusetts, situada no nordeste do país, uma das primeiras regiões a ser ocupada e colonizada pelos ingleses e que hoje abriga a maior comunidade brasileira em todos os Estados Unidos.

Vista panorâmica da cidade de Boston

Simbolismos à parte, se os atentados às torres gêmeas do World Trade Center no 11 de setembro de 2001 funcionaram como um direto na cara do capitalismo, não parece ter sido obra do acaso que a cidade de Boston, conhecida como "The Cradle of Liberty" ("O Berço da Liberdade"), justamente o lugar que inspirou os ideais da independência americana - posteriormente assinada na Filadélfia -, tenha sido escolhida para receber essa outra modalidade de ataque, algo como um recado ou uma lembrança do que realmente significa a luta por justiça contra uma força opressora.





Como este assunto ainda vai dar o que falar e vai muito além do que possa parecer, a relação entre globalização e terrorismo merece um capítulo à parte. Vamos esperar.

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