sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010


Quente ao extremo

23/01 - 11:47 - Camila Nascimento, iG São Paulo

Rio 40º, que nada. No verão deste ano, os cariocas estão mais para Rio 50º. Os termômetros não chegaram a marcar essa temperatura, mas a sensação térmica na cidade, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), chegou a 50ºC no dia 11 deste mês e, mais recentemente, na quarta-feira desta semana, foi de 47,2ºC.




O fenômeno chamado El Niño tem sido determinante para essa saara carioca. Em termos técnicos, o El Niño é um aquecimento anormal das águas na parte equatorial do Pacífico que altera padrões climáticos globais, especialmente os da região Ásia-Pacífico. Ele ocorre em intervalos de dois a sete anos. Agora, em 2010, segundo o Centro de Previsão Climática do governo norte-americano, o fenômeno exercerá influência significativa sobre o clima mundial até junho.


A última vez que o fenômeno teve um forte impacto no mundo foi entre 1997 e 1998. No Brasil, naquele ano, o El Niño provocou secas e incêndios que devastaram pelo menos 15% do território de Roraima.

No dia a dia, ele pode ser traduzido pelo forte calor e os temporais que têm atingido especialmente a região Sudeste do País. “Ele é o causador de todas as anomalias de temperatura e precipitação no Brasil. Estamos sob a influência do El Niño que, mesmo sendo fraco, contribui para que a temperatura fique acima do normal”, explica Alexandre Nascimento, meteorologista da Climatempo.


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Com calor, praia de Ipanema fica lotada no Rio de Janeiro

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As mais quentes do mundo

A força do El Niño é tamanha que colocou a cidade do Rio de Janeiro nesses dias entre as mais quentes do mundo. Os 50ºC sentidos pelos cariocas são registrados normalmente em cidades da Líbia, da costa oeste do Estados Unidos, Sul da Austrália e Israel.

Segundo a Organização Mundial de Meteorologia (WMO), agência especializada em clima das Nações Unidas, foi a cidade de El Azizia, na Líbia, que registrou a temperatura mais quente do mundo: 57,7ºC. Temperatura real. Marcada no termômetro em 13 de setembro de 1922.

O Vale da Morte, na Califórnia, Estados Unidos, também é um dos lugares mais quentes da Terra, já tendo batido os 56ºC. Assim como o sul da Austrália, que neste ano vem sofrendo uma forte onda de calor. Em Melbourne, as temperaturas passaram os 46ºC. O recorde já marcado na região, porém, foi na cidade de Oodnatta, com 50,7ºC.

“Mas é importante salientar que não é comum ao Rio de Janeiro nem a temperatura de 40ºC. O Rio tem uma geografia que favorece a ocorrência desta temperatura, mas não é algo rotineiro. É preciso que haja vários dias sem chuva e muito sol para chegar a essa elevação, a esse calor”, explica Nascimento.

A temperatura média anual do Rio, 23,7ºC, é tão surpreendente quanto o calor extremo deste verão que fez esgotar ventiladores e aparelhos de ar condicionado na cidade. “O Rio não está nem entre as dez capitais mais quentes do Brasil. No verão, pode ser registrado um pico mais elevado na temperatura, algo pontual, e o inverno no Rio é frio, o que explica essa média”, afirma o Hamilton Carvalho, meteorologista do Inmet. “Pontualmente e, muito de vez em quando, capitais como o Rio e Cuiabá atingem a marca dos 40ºC”, acrescenta Nascimento.

Norte e Nordeste




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Praia do Farol da Barra, em Salvador, lotada

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As cidades mais quentes do Brasil estão mesmo no Norte e Nordeste do País. A onda de calor é constante, tanto que os moradores dizem que há somente duas estações por ano: chuva e “não chuva”. A chuva seria o inverno.

Segundo dados do Inmet, a cidade de Picos, no Piauí, tem a maior média anual de temperatura: 29,4ºC. “Falando em calor ao longo do ano, o Sertão Nordestino e o extremo Norte do Brasil, desde o Rio Grande do Norte até o Amazonas, são as áreas mais quentes”, diz Nascimento.

Nessa região do País, encontra-se a condição perfeita para a temperatura explodir a valores elevados: há muita radiação solar durante todo o ano, o clima é semiarido e a chuva concentrada em poucos meses.

Inverno quente

E para quem gosta desse calor, uma boa notícia: o El Niño não tem previsão de término. Em outras palavras, o outono e inverno prometem dias quentes de ponta a ponta do País. “A praia está garantida até o final de junho, pelo menos”, avisa o meteorologista da Somar Celos Oliveira.

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