domingo, 21 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
Trancar o dedo numa porta dói.
Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói.
Um tapa, um soco, um pontapé, doem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua,
dói cólica, cárie e pedra no rim.
Mas o que mais dói é a saudade.
Saudade de um irmão que mora longe.
Saudade de uma cachoeira da infância.
Saudade de um filho que estuda fora.
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais.
Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu.
Saudade de uma cidade.
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.
Doem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Você podia ficar na sala e ela no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o dentista e ela para a faculdade, mas sabiam-se onde.
Você podia ficar o dia sem vê-la, ela o dia sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã.
Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor,
Ou quando alguém ou algo não deixa que esse amor siga,
Ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é basicamente não saber.
Não saber mais se ela continua fungando num ambiente mais frio.
Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia.
Não saber se ela ainda usa aquela saia.
Não saber se ele foi na consulta com o dermatologista como prometeu.
Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania
de estar sempre ocupada;
se ele tem assistido às aulas de inglês,
se aprendeu a entrar na Internet
e encontrar a página do Diário Oficial;
se ela aprendeu a estacionar entre dois carros;
se ele continua preferindo Malzebier;
se ela continua preferindo suco;
se ele continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados;
se ela continua dançando daquele jeitinho enlouquecedor;
se ele continua cantando tão bem;
se ela continua detestando o MC Donald's;
se ele continua amando;
se ela continua a chorar até nas comédias.
Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos;
não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento;
não saber como frear as lágrimas diante de uma música;
não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber se ela está com outro, e ao mesmo tempo querer.
É não saber se ele está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso...
É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer;
Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo e o que você,
provavelmente, está sentindo agora depois que acabou de ler...
domingo, 7 de fevereiro de 2010
É hoje a mais próspera das cidades da região sanfranciscana, graças à implantação de programas voltados para a agroindústria e a agricultura irrigada.
Em poucos anos, o que estava condicionado à ação do destino, foi-se transformando em grandiosas hortas e pomares, onde proliferam a uva, o melão, o tomate, os aspargos, a cebola e até tâmaras, todos cultivados em modernas fazendas privadas, mas abertas aos que desejam ver de perto o “milagre sertanejo”.
O progresso dotou Petrolina de uma infra-estrutura urbana e receptiva eficiente, com aeroporto internacional, hotéis, restaurantes, bares, centro de convenções, shopping center e outros equipamentos e serviços, favorecendo sobremodo a atividade turística. E Petrolina tem tudo para encantar os visitantes, a começar pelo rio São Francisco, com suas águas verdes e límpidas, uma orla urbanamente bem estruturada, corredeiras e ilhas – um convite aos passeios de barco ou à simples contemplação.
Dentre as ilhas, destaca-se a do Rodeadouro, verdadeiro “point” de animação local, com barzinhos a oferecer a gastronomia típica sertaneja, complementada pelos sabores de pratos à base de peixes como o surubim. É o São Francisco que separa Petrolina de Juazeiro, na Bahia (as duas cidades estão ligadas pela ponte Eurico Dutra).
Outros atrativos também merecem especial atenção, como a Catedral do Sagrado Coração de Jesus, com seus vitrais franceses; o Museu do Sertão, com acervo superior a 3.000 peças, compondo uma síntese da vida e da história da Região; um rico artesanato, onde dominam as “carrancas” que “espantam os maus espíritos” (importante conhecer os trabalhos de Ana das Carrancas); os mirantes, como o do Serrote do Urubu; e os eventos, como os festejos populares do o ciclo junino e a sua já tradicional jecana; o carnaval; a Festa do Vaqueiro e a grande Festa de Nossa Senhora Rainha dos Anjos.
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
Petrolina, pomar na caatinga
Em pleno sertão nordestino, Petrolina surpreende o turista pela vastidão das terras destinadas ao plantio de frutas. Consolidada como área vinícola, a região também atrai pela sua arquitetura secular, história e pela grandiosidade da Barragem de Sobradinho
Texto: Heitor Reali Fotos: Silvia Reali
Sob o verdejante parreiral, o vigor e a fartura das uvas de Petrolina. |
É desconcertante aproximarse por ar ou por terra de Petrolina, município pernambucano às margens do Rio São Francisco. Na caatinga surgem oásis, cujo verde se destaca entre cores terrosas. De início, a paisagem parece uma transgressão da natureza, uma terra que virou a casaca. O olhar mais atento, porém, percebe enormes plantações de frutas, sobretudo uvas, mangas e melancias. Considerada por muito tempo a ovelha negra dos biomas brasileiros, a caatinga esconde uma riqueza de diversidade ainda pouco explorada.
Idéias simples irrigaram o progresso ali. Sem esperar pelas obras da tão falada transposição do Rio São Francisco, idéia da qual se ouve falar na região desde o tempo de Dom Pedro 2º, alguns empreendedores acreditaram nessa terra e resolveram virar a mesa de suas vidas aperreadas.
O Velho Chico se espantou ao ver nascer pelas mãos do setor privado uma obra que pretende levar a salvação para áreas castigadas pela seca. No começo, foram simples projetos de irrigação com extensos canais que criaram zonas de prosperidade bem ao lado de áreas ressequidas. A paisagem muda, uniformiza-se e os vinhedos e as mangueiras se afastam até se encostarem num morro ou num riacho. O clichê de imagens do áspero sertão nordestino rolou água abaixo. Respira- se prosperidade nas cidades ao redor de Petrolina que se desenvolvem graças a essas culturas.
O abre-alas foi há mais de 20 anos, quando agricultores gaúchos iniciaram ali a produção de uvas para vinho. Em pouco tempo, eles transformaram a região no segundo maior pólo vitivinicultor do Brasil. Pegando o gancho, outras lavouras também se instalaram, como a da manga, que hoje é exportada para diversos países.
NOS ÚLTIMOS SETE ANOS, de olho no crescente desenvolvimento e sobretudo com a presença marcante da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa), o setor público começou a investir ali. Nesse centro de excelência se desenvolvem projetos que rompem as cascas do laboratório e vão frutificar nos novos campos agrícolas. As pesquisas se voltam para as frutas que se dão bem na região e as que têm a preferência do produtor. "Podem ser tanto a uva de mesa como a uva do vinho fino, a manga, o melão e a melancia", ensina o agrônomo e viticultor Francisco Amorim. "Todas precisam de cuidados especiais, pois seu manejo é completamente diferente." A Embrapa vai além ao capacitar a mãode- obra para o cultivo e a produção de frutas de qualidade.
Um sério obstáculo ao sucesso da iniciativa era a presença das moscas-dasfrutas. Para superá-lo, foi essencial a instalação da Biofábrica Moscamed em Juazeiro (BA), cidade vizinha a Petrolina. "As moscas-das-frutas são pragas quarentenárias e representam um dos principais problemas na exportação de frutos frescos", afirma a pesquisadora Beatriz Jordão Paranhos. "O controle químico, normalmente utilizado para o controle dessa praga, traz sérios prejuízos ao agroecossistema, ao meio ambiente e à saúde."
Para tanto, foi usada pela primeira vez no Brasil a Técnica do Inseto Estéril (TIE), um método eficaz e seguro no controle da Ceratitis capitata (principal espécie de mosca-das-frutas) nos pomares irrigados da região. Ela tem o nome vulgar de mosca-do-mediterrâneo (moscamed), de onde é originária.
Quente ao extremo
23/01 - 11:47 - Camila Nascimento, iG São Paulo
Rio 40º, que nada. No verão deste ano, os cariocas estão mais para Rio 50º. Os termômetros não chegaram a marcar essa temperatura, mas a sensação térmica na cidade, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), chegou a 50ºC no dia 11 deste mês e, mais recentemente, na quarta-feira desta semana, foi de 47,2ºC.
O fenômeno chamado El Niño tem sido determinante para essa saara carioca. Em termos técnicos, o El Niño é um aquecimento anormal das águas na parte equatorial do Pacífico que altera padrões climáticos globais, especialmente os da região Ásia-Pacífico. Ele ocorre em intervalos de dois a sete anos. Agora, em 2010, segundo o Centro de Previsão Climática do governo norte-americano, o fenômeno exercerá influência significativa sobre o clima mundial até junho.
A última vez que o fenômeno teve um forte impacto no mundo foi entre 1997 e 1998. No Brasil, naquele ano, o El Niño provocou secas e incêndios que devastaram pelo menos 15% do território de Roraima.
No dia a dia, ele pode ser traduzido pelo forte calor e os temporais que têm atingido especialmente a região Sudeste do País. “Ele é o causador de todas as anomalias de temperatura e precipitação no Brasil. Estamos sob a influência do El Niño que, mesmo sendo fraco, contribui para que a temperatura fique acima do normal”, explica Alexandre Nascimento, meteorologista da Climatempo.
Futura Press |
Com calor, praia de Ipanema fica lotada no Rio de Janeiro |
As mais quentes do mundo
A força do El Niño é tamanha que colocou a cidade do Rio de Janeiro nesses dias entre as mais quentes do mundo. Os 50ºC sentidos pelos cariocas são registrados normalmente em cidades da Líbia, da costa oeste do Estados Unidos, Sul da Austrália e Israel.
Segundo a Organização Mundial de Meteorologia (WMO), agência especializada em clima das Nações Unidas, foi a cidade de El Azizia, na Líbia, que registrou a temperatura mais quente do mundo: 57,7ºC. Temperatura real. Marcada no termômetro em 13 de setembro de 1922.
O Vale da Morte, na Califórnia, Estados Unidos, também é um dos lugares mais quentes da Terra, já tendo batido os 56ºC. Assim como o sul da Austrália, que neste ano vem sofrendo uma forte onda de calor. Em Melbourne, as temperaturas passaram os 46ºC. O recorde já marcado na região, porém, foi na cidade de Oodnatta, com 50,7ºC.
“Mas é importante salientar que não é comum ao Rio de Janeiro nem a temperatura de 40ºC. O Rio tem uma geografia que favorece a ocorrência desta temperatura, mas não é algo rotineiro. É preciso que haja vários dias sem chuva e muito sol para chegar a essa elevação, a esse calor”, explica Nascimento.
A temperatura média anual do Rio, 23,7ºC, é tão surpreendente quanto o calor extremo deste verão que fez esgotar ventiladores e aparelhos de ar condicionado na cidade. “O Rio não está nem entre as dez capitais mais quentes do Brasil. No verão, pode ser registrado um pico mais elevado na temperatura, algo pontual, e o inverno no Rio é frio, o que explica essa média”, afirma o Hamilton Carvalho, meteorologista do Inmet. “Pontualmente e, muito de vez em quando, capitais como o Rio e Cuiabá atingem a marca dos 40ºC”, acrescenta Nascimento.
Norte e Nordeste
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Futura Press |
Praia do Farol da Barra, em Salvador, lotada |
Segundo dados do Inmet, a cidade de Picos, no Piauí, tem a maior média anual de temperatura: 29,4ºC. “Falando em calor ao longo do ano, o Sertão Nordestino e o extremo Norte do Brasil, desde o Rio Grande do Norte até o Amazonas, são as áreas mais quentes”, diz Nascimento.
Nessa região do País, encontra-se a condição perfeita para a temperatura explodir a valores elevados: há muita radiação solar durante todo o ano, o clima é semiarido e a chuva concentrada em poucos meses.
Inverno quente
E para quem gosta desse calor, uma boa notícia: o El Niño não tem previsão de término. Em outras palavras, o outono e inverno prometem dias quentes de ponta a ponta do País. “A praia está garantida até o final de junho, pelo menos”, avisa o meteorologista da Somar Celos Oliveira.
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