Motivação e incentivação da aprendizagem
Para que haja uma aprendizagem efetiva e duradoura é preciso que existam propósitos definidos e auto-atividade reflexiva dos alunos. Assim, a autêntica aprendizagem ocorre quando o aluno está interessado e se mostra empenhado em aprender, isto é, quando está motivado. É a motivação interior do aluno que impulsiona e vitaliza o ato de estudar e aprender. Daí a importância da motivação no processo ensino e aprendizagem.
Se voltarmos atrás no tempo e fizermos uma sondagem na história do pensamento pedagógico, podemos verificar que Quintiliano, que viveu de 33 a 95 d.C. já salientava a importância do interesse no processo educativo.
Juan Luis Vives, que viveu de 1492 a 1540, já chamava a atenção dos educadores para o valor da atenção e do interesse no ato de aprender, fazendo considerações sobre a influencia da emoção e dos sentimentos no funcionamento da inteligência e da memória. Em pleno século XVI, ele fazia referência ao que hoje em dia a terminologia educacional moderna denomina a influência da área afetiva no campo cognitivo.
Stanley Hall (1844 – 1924) preconizava que o organismo age e reage em função de estímulos internos, dinâmicos e persistentes, que são os motivos do comportamento. Defendia a idéia de que os interesses variavam de acordo com as diversas fases do desenvolvimento, passando por uma evolução. Os interesses próprios de cada etapa deveriam ser usados para nortear as atividades escolares daquela fase.
Claparède (1873 – 1940) fez um estudo sobre a evolução dos interesses humanos, tentando sistematizar aqueles que eram dominantes em cada fase do desenvolvimento biopsicológico do indivíduo. Afirmava que o indivíduo age impulsionado pelo interesse do momento, que funciona como a causa ou motivo do comportamento e liga as necessidades às reações adaptativas para satisfazê-las.
Atualmente a psicologia, que tenta assumir o status de ciência, procura estudar de forma mais sistematizada a influência da motivação na aprendizagem. Aliás, este tem sido um dos temas básicos da psicologia da aprendizagem. No entanto, a história do pensamento pedagógico nos revelou que a questão dos interesses e sua influencia no ato de aprender têm sido objeto da reflexão dos educadores ao longo de muitos séculos.
A primeira coisa a fazer quando se aborda esse assunto, é estabelecer uma distinção entre motivo e incentivo. Motivo é um estímulo interno enquanto incentivo é um estímulo externo. A ação pode ser estimulada e gerada tanto por fatores internos, que são os motivos, como por estímulos externos, que agem como incentivos.
O interesse, por sua vez, pode ser intrínseco e extrínseco. O interesse é intrínseco quando correspondente a uma necessidade, tornando-se a manifestação de um motivo. Neste caso, o interesse é persistente e duradouro.
O interesse extrínseco não corresponde a uma verdadeira necessidade e não tem relação com a natureza da atividade solicitada, sendo superficial, momentâneo e passageiro.
O professor não pode motivar o aluno, pois é um processo interno, mas pode sondar e aproveitar os motivos já latentes, despertando nele os interesses intrínsecos, que são a manifestação de um motivo.
Para Vygotsky (1991:89):
O professor é um informante fundamental, embora não seja a única fonte de informação na sala de aula. A criança pode fazer contribuições aos seus colegas, embora a palavra do professor é a mais autorizada. A informação fornecida pelos professores é considerada “verdadeira” e “segura” pelos alunos, pois ele é o representante do saber socialmente aceito como válido na sala de aula.
Para incentivar os alunos a estudar e aprender, o professor utiliza recursos ou procedimentos incentivadores. Esses recursos devem ser usados não apenas no início da aula, mas em todo o decorrer dela. Motivos e incentivos são importantes em todas as fases de aprendizagem, e não somente em seu momento inicial. Há muito professor que só se preocupa com a incentivação no inicio da atividade, sem se lembrar de que esta tem de ser reforçada no decorrer de todo o processo, a fim de que a motivação não decresça, a ponto de até se extinguir.
Ao aprender, o aluno está construindo seu conhecimento. Nesse processo, alguns momentos são de descoberta, outros de generalização e transferência do que foi aprendido, e outros, ainda, de estruturação e sistematização. Em cada um desses momentos, cabe ao professor perceber se deve ser mais ou menos diretivo, se deve ou não interferir mais diretamente na aprendizagem do aluno e como fazê-lo sem tolher sua iniciativa. Portanto sua diretividade na educação em geral, e no ensino em especial, é uma questão de grau.
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