O Parque Nacional Serra da Capivara
está localizado no sudeste do Estado do Piauí, ocupando áreas dos municípios de
São Raimundo Nonato, João Costa, Brejo do Piauí e Coronel José Dias. A
superfície do Parque l é de 129.140 ha e seu perímetro é de 214 Km. A cidade
mais próxima do Parque Nacional é Cel. José Dias, sendo a cidade de São
Raimundo Nonato o maior centro urbano. A distância que o separa da capital do
Estado, Teresina, é de 530 Km.
A maneira mais rápida de chegar ao
Parque é através de Petrolina, cidade do Estado de Pernambuco, da qual dista
300 Km. A cidade de Petrolina dispõe de um aeroporto onde opera atualmente a
Gol, e a BRA, ligando a região com Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e
Brasília.
A criação do Parque Nacional Serra Capivara teve múltiplas motivações ligadas à
preservação de um meio ambiente específico e de um dos mais importantes
patrimônios culturais pré-históricos. As características que mais pesaram na
decisão da criação do Parque Nacional são de natureza diversa:
- culturais - na unidade
acha-se uma densa concentração de sítios arqueológicos, a maioria com pinturas
e gravuras rupestres, nos quais se encontram vestígios extremamente antigos da
presença do homem (100.000 anos antes do presente). Atualmente estão
cadastrados 912 sítios, entre os quais, 657 apresentam pinturas rupestres,
sendo os outros sítios ao ar livre (acampamentos ou aldeias) de
caçadores-coletores, são aldeias de ceramistas-agricultores, são ocupações em
grutas ou abrigos, sítios funerários e, sítios arqueo-paleontológicos;
- ambientais - área semi-árida, fronteiriça entre duas grandes
formações geológicas - a bacia sedimentar Maranhão-Piauí e a depressão
periférica do rio São Francisco - com paisagens variadas nas serras, vales e
planície, com vegetação de caatinga ( o Parque Nacional Serra da Capivara é o
único Parque Nacional situado no domínio morfoclimático das caatingas), a
unidade abriga fauna e flora específicas e pouco estudadas. Trata-se, pois, de
uma das últimas áreas do semi-árido possuidoras de importante diversidade
biológica;
- turísticas - com paisagens de uma beleza natural surpreendente, com
pontos de observação privilegiados. Esta área possui importante potencial para
o desenvolvimento de um turismo cultural e ecológico, constituindo uma
alternativa de desenvolvimento para a região.
Em 1991 a UNESCO, pelo seu valor cultural, inscreveu o Parque Nacional na lista
do Patrimônio Cultural da Humanidade. Em 2002 foi oficializado o pedido para
que o mesmo seja declarado Patrimônio Natural da Humanidade.
O Parque Nacional Serra da Capivara é subordinado à Diretoria de Ecossistemas
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(IBAMA), tendo sido concluída a sua demarcação em 1990. Em torno do Parque foi
criada uma Área de Preservação Permanente de dez quilômetros que constitui um
cinto de proteção suplementar e na qual seria necessário desenvolver uma ação
de extensão. Em 1994 a FUMDHAM assinou um convênio de co-gestão com o IBAMA em
2002 um contrato de parceria com a mesma instituição.
Depois de criado, o Parque Nacional esteve abandonado durante dez anos por
falta de recursos federais. Análises comparativas das fotos de satélite
evidenciaram esse fato. Durante este período a Unidade de Conservação foi
considerada “terra de ninguém” e como tal, objeto de depredações sistemáticas.
A destruição da flora tomou dimensões incalculáveis; caminhões vindos do sul do
país desmatavam e levavam, de maneira descontrolada, as espécies nobres. O
desmatamento dessas espécies, próprias da caatinga, aumentou depois da criação
do Parque, em decorrência da falta de vigilância.
A caça comercial se transformou numa prática popular com conseqüências nefastas
para as populações animais que começaram a diminuir de forma alarmante. Algumas
espécies, como os veados, emas e tamanduás praticamente desapareceram. Estes
fatos tiveram conseqüências negativas na preservação do patrimônio cultural. A
falta de predadores naturais provocou um crescimento descontrolado de algumas
espécies, como cupim ou vespas cujos ninhos e galerias destroem as pinturas.
As causas desta situação são em parte externas à região, mas também decorrem da
participação da população que vive em torno do Parque. São comunidades muito
pobres, algumas das quais exploravam roças no interior dos limites atuais do
Parque. Estas populações dificilmente compreendem a necessidade de proteger
espécies animais e vegetais uma vez que os seres humanos apenas logram
sobreviver. Assim, a população local depredava as comunidades biológicas e o
patrimônio cultural do Parque Nacional e áreas circunvizinhas, pela caça,
desmatamento, destruição de colméias silvestres e a exploração do calcário de
afloramentos, ricos em sítios arqueológicos e paleontológicos.
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