Em dezembro de 2000, os Estados Unidos
aprovaram o “Children’s Internet Protection Act”, também conhecido como
CIPA, que exige que escolas e bibliotecas subsidiadas pelo governo
federal possuam uma tecnologia que garanta que menores não tenham acesso
a conteúdos obscenos, pornografia infantil e outros conteúdos a eles
inapropriados. Assim, os estabelecimentos acabaram por adotar filtros,
visando evitar o contato dos alunos com tais materiais.
Devido ao fato de filtros e
outras tecnologias serem imperfeitos, e poderem, inclusive, acabar por
filtrar recursos educacionais úteis, alguns ainda defendiam a adoção de
soluções paralelas ao problema. Neste sentido foi aprovado o “Child
Online Protection Act” (COPA) e criada uma comissão para estudar métodos
de redução do acesso de menores a materiais de cunho sexualmente
explícito. A comissão, formada por representantes da indústria de
tecnologia e serviços online, importantes agências federais, grupos
defensores dos direitos de crianças e adolescentes, grupos religiosos,
educadores e bibliotecários, concluiu que uma combinação de fatores
(ações técnicas, legais, econômicas e educacionais) seria a melhor
solução.
Por seu turno, no estado
americano da Virgínia, foi aprovada uma lei que obriga às escolas
públicas a ensinarem sobre Segurança na Internet. A lei – com vigência a
partir do primeiro dia de julho de 2006 – exige que o Departamento de
Educação daquele estado elabore instruções sobre a inclusão da
disciplina na grade curricular. Antes mesmo da lei, várias escolas já
haviam adotado a disciplina em período de aula ou mesmo informalmente.
Workshops também têm surtido
efeito nos Estados Unidos. Em se tratando de adolescentes, impera a
idéia “comigo não acontece” mas, quando se é colocado diante de grupos
de pessoas que já passaram por uma situação de perigo na Internet, ou,
pelos menos, os educadores usam exemplos reais detalhados para dar
ênfase aos perigos online, a mensagem é recebida. “É necessário que os
alunos consigam visualizar a si ou a seus amigos na história”, diz Parry
Aftab, diretora da ONG americana Wired Safety.
Na Grã-Bretanha, em 2002, o
Departamento de Ciência da Informação da Universidade de Loughborough
conduziu auditoria em 577 escolas inglesas, visando a coleta de dados
sobre o que se tem feito em relação às práticas de segurança online.
Alguns dos quesitos analisados foram: existência de filtros, políticas
de uso da Internet, monitoramento e educação dos alunos; métodos de
ensino de segurança online; métodos de implementação das políticas de
uso e de identificação da fonte de informações sobre segurança e, ainda,
se estas informações recebidas são realmente colocadas em prática.
Segundo pesquisa britânica, 61%
dos professores não se sentem preparados para lidar com a educação
digital. Os professores não precisam entender tudo de tecnologia, mas
pelo menos necessitam saber sobre os riscos online. As escolas
britânicas tendem a acreditar que a educação digital se limita a
aplicações que envolvam o ambiente escolar, deixando de lado assuntos
como bate-papos, mensagens instantâneas e P2P, por exemplo. Acreditam
que, por serem assuntos que não fazem parte do dia-a-dia escolar, devem
ficar sob responsabilidade dos pais. Questionamos esta posição.
Em Portugal, ao nível do 1º, 2º,
3º ciclo de ensino e ensino secundário, não existe uma grade curricular
que aborde questões da segurança online aos mais novos. O foco é todo
na aprendizagem das ferramentas básicas (processador de texto, folha de
cálculo, etc.) e nas aplicações básicas relacionadas ao acesso à
Internet. No entanto, há margem para que os professores abordem outras
questões com os alunos, mas fica sempre ao critério do professor. Assim,
um ou outro professor adota atitudes louváveis mas, mesmo assim, ainda
precisam de ajuda. E o mesmo acontece com os pais.
Nos restantes países de língua oficial portuguesa, o desafio é o de
conseguir levar as tecnologias de informação e comunicação às
populações, já que faltam equipamentos, softwares, entre outros.
No Brasil, fala-se muito em Inclusão Digital, mas pouco em Educação Digital. Enquanto governos e empresas multinacionais investem em equipamentos e no ensino sobre como usar as ferramentas básicas, falta instrução a respeito do uso correto, de acordo com princípios básicos de cidadania.
No Brasil, fala-se muito em Inclusão Digital, mas pouco em Educação Digital. Enquanto governos e empresas multinacionais investem em equipamentos e no ensino sobre como usar as ferramentas básicas, falta instrução a respeito do uso correto, de acordo com princípios básicos de cidadania.
Pesquisando sobre o assunto,
descobrimos uma professora brasileira chamada Cleide Muñoz, que ministra
aulas de ética na informática a alunos de 5ª série a 8ª série. A
atitude de Cleide é, de fato, louvável. Mas, no geral, ainda impera uma
sensação de insegurança nesta “colcha” globalizada mas retalhada.
“Segurança na Internet”, “Ética na Informática”, “Cidadania Digital”: é
necessário organizar a disciplina e preparar os professores para um
ensino completo e adequado.
É por esse motivo que estamos desenvolvendo o projeto “Educação Digital”,
que engloba lições sobre Segurança e Privacidade, e Cidadania e Ética
Digital. A princípio são ministradas palestras a mantenedores de
escolas, professores, pais e alunos, sempre em grupos separados e com
foco nas necessidades de cada grupo. Num futuro não muito distante
vislumbramos a possibilidade de adicionar a disciplina à grade
curricular, seja como matéria independente ou parte de disciplinas
afins, como a Informática.
O importante é não perder tempo.
Vivemos em uma nova era – a Era Digital – em que as informações são
bombardeadas em velocidade espantosa. Somos a Sociedade da Informação!
Se não dermos a devida atenção a este novo tipo de educação, as crianças
de hoje serão os adultos confusos, perdidos e desinformados de amanhã.
Ficaremos de braços cruzados?
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