quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

De manhã cedo muito carinhosamente o vou acordar, depressa os seus olhos, meio fechados, ainda um pouco ensonados, formam um olhar intenso, ficando enormes com o seu sorriso. É logo neste primeiro momento do dia que descubro algo de muito valioso que uma criança pode ensinar a um adulto, estar feliz e contente sem precisar de um grande motivo. Os pais que de manhã encontra e o dia que lhe espera é razão suficiente e bastante para sorrir, enquanto nós adultos estamos quase sempre a procurar a felicidade em grandes coisas e momentos.


Depressa se ocupa de alguma coisa, vai beber o leite, aproveita para brincar, para falar e logo aprendo outra coisa importante de uma criança, estar sempre ocupado com alguma coisa, ensinando-nos que é em vão que perdemos tempo com coisas inúteis e preocupações excessivas.



Depois, para a escola toca a andar, olho-o tão pequeno - é ainda o meu Bebé, olho aquele “Bebé” de mochila às costas, quase tão grande como ele, mas mais uma vez ele me ensina uma nova coisa, que podemos desempenhar por gosto todas as nossas tarefas diárias, ainda que não façamos o que gostaríamos mais de fazer na vida. E, lá vai ele com uma grande expressão de felicidade.





Quando o deixo na escola, ainda mal começou o dia, e eu por longas oito horas “perco” aquela criança - o meu Bebé. Quais as suas sensações nas novas descobertas? Da leitura, da pintura, da magia dos números? Quais as suas brincadeiras, as suas emoções?... Quando a escola Primária acaba vai para o ATL, o que aprende pela primeira vez? O que sentirá nas tarefas de expressão artística e física? As brincadeiras e os contactos com os seus amigos?... Todo um mundo a descobrir em cada segundo e eu tão longe, durante oito horas, não posso, nesses instantes, olhar aqueles olhos grandes e expressivos, o meu bebé cresce, cresce com os outros.


 
 
De regresso a casa, umas vezes cansado, outras cheio de energia e de novidades para contar, estuda, brinca, vê televisão e após o jantar rende-se ao cansaço. Por vezes, levo-o para cama nos meus braços – mesmo que seja por pouco, por muito pouco, ele torna a ser o meu “Bebé” de novo, vai dormir para encarar da mesma forma e com a mesma vontade e alegria desse dia, mais um dia que irá começar. Nessa noite sonhará sonhos que o mundo jamais conseguirá entender.

 É então que penso que ele um dia será um jovem, depois um adulto como eu e que todos os adultos e amigos que o rodeiam nestas horas são tão importante na sua vida e formação como os seus pais, pois estão com eles, às vezes, mais tempo do que os próprios pais.






Todos nós estamos a fazer crescer estas crianças, como pássaros no ninho, que precisam dos pais, dos professores e dos auxiliares de educação e do seu tempo livre e amigos para que eles possam criar asas neste ninho e um dia possam voar livres, para a construção de um mundo mais admirável.


Todos os dias levantamo-nos com a certeza que o sol brilhará, mesmo nos dias mais cinzentos, por entre as nuvens, ele brilhará e dará luz a nossa vida, imaginar um mundo sem uma criança, seria como acordar um dia sem que existisse o sol para iluminar a nossa vida, por isso temos que olhar, compreender e ouvir os nossas filhos, dar-lhes toda a atenção. Em suma, se sentir-mos a criança que cada um tem dentro de nós, já mais a nossa vida deixará de brilhar, se um dia perdermos o contacto com essa criança, perderemos o contacto com a vida, com os nossos filhos, com o sol que brilha todos os dias.

Parece que escrevi muito, mas por mais que ainda escrevesse nada conseguiria dizer sobre uma criança. Como certas coisas na vida, as crianças não são para ser explicadas, apenas compreendidas e sentidas, na minha humilde forma de ser, apenas diria que são como um raio de luz que irradia o mundo e as nossas vidas.


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