Esse é um dos movimentos sociais mais interessantes do Brasil, e que particularmente, merece minha atenção por além da riqueza dos elementos de sua cultura.
Constituído exclusivamente por homens, o bloco de Salvador (BA) é inspirado pelos princípios de amor e paz de Mahatma Gandhi. Além dessa política de conduta indiana e de suas vestimentas que são basicamente uma composição de toalhas e lençóis brancos, os Filhos de Gandhy possui uma tradição religiosa africana ritmada pelo agogô (instrumento musical formado por sinos originado da música yorubá da África Ocidental). Seus cânticos são de ijexá na língua Iorubá.
Constituído exclusivamente por homens, o bloco de Salvador (BA) é inspirado pelos princípios de amor e paz de Mahatma Gandhi. Além dessa política de conduta indiana e de suas vestimentas que são basicamente uma composição de toalhas e lençóis brancos, os Filhos de Gandhy possui uma tradição religiosa africana ritmada pelo agogô (instrumento musical formado por sinos originado da música yorubá da África Ocidental). Seus cânticos são de ijexá na língua Iorubá.
Com todos esses elementos reunidos, os Filhos de Gandhy se tornou o maior e mais famoso Afoxé da Bahia, ganhando aderência de seus elementos por demais partes do Brasil. Oficialmente o bloco conta com 10.000 integrantes.
A vestimenta e os colares dos Filhos de Gandhy
O título a que se dão as vestes dos Filhos de Gandhy é fantasia. Além dos panos brancos o trage é composto por um turbante e os que participam desse movimento trazem consigo um perfume de alfazema e colares longos de contas azuis e brancas.
Esses colares já são a marca do registro do movimento, sendo reconhecidos como "os colares dos Filhos de Gandhy" compondo um ritual social do bloco. Os colares têm um significado além daquele de simplesmente compor um figurino ou vestir uma fantasia; tradicionalmente os colares são oferecidos aos admiradores simbolizando uma maneira dos Filhos de Gandhy desejarem paz durante o carnaval e o restante do ano.
As cores dos colares é o que se pode chamar de um referencial religioso da paz e do afoxé que enfocam Oxalá - o Orixá maior - que está associado à criação do mundo e da espécie humana, sendo esse considerado e cultuado como o maior e mais respeitado Orixás do panteão africano. As cores dos colares é então uma referência aos modos de apresentação do Oxalá. Isso porque esse Oxirá de apresenta de duas maneiras no Candomblé: o chamado "Moço" (Oxaguiam) que é branco mesclado de azul, e o "Velho" (Oxalufam) de cor branca.
Assim, o branco e o azul intercalados é o fio de contas do Oxalá menino, o Oxaguiam, que correspondem: o branco a Oxalufam, seu pai. O azul provém de Ogum de quem é inseparável; as contas se tornam assim amuletos da sorte. Ogum, na mitologia yoruba, é o senhor dos metais e considerado o primeiro Orixá a descer do Orun (Céu) para Aiye (Terra) após a criação; visando uma futura vida humana.
Cada Filho de Gandhy usa o colar de acordo com a indumentária, da maneira que se achar elegante, não existe quantidade fixa de contas para cada colar, nem quantos colares se deve usar. Durante o carnaval, os Filhos de Gandhy mais jovens costumam trocar colares por beijos na boca, enlaçando as moças durante a festa com seus colares: "Um beijo por um colar" esse é o sentido do ritual entre os jovens Filhos de Gandhy.
O bloco possui algumas regras; como é composto apenas por homens, foi determinado que as mulheres pudessem participar assistindo aos desfiles e na confecção das indumentárias e roupas dos filhos de Gandhy, além de levar comida e bebidas aos participantes do desfile durante o cortejo. Bebidas alcoolicas também são proibidas por ser contra os ideais de paz que inspiraram a criação da doutrina do bloco dos Filhos de Gandhy.